quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Displicente


Era noite e ela me chamava
Tenra voz sussurrando no ouvido
E em seus lábios suplicava
Atacado com o olhar interrompido

Não mais

Meus sentimentos profanados
Minhas verdades foram perdias
E mesmo o ódio está n’outro lado
Sem mais desculpas vadias

O anjo sem asas caiu ao chão
Rezando, suplicando, ainda amando
Debaixo de seus pés jaz a paixão
Jaz meu leito no mar derramado

E os sentimentos agora se foram
Se foram?
Dilacerados nas lâminas gélidas
Suas párias palavras trépidas

E o que há de fazer enquanto me mato?
O amor prevalecerá na relva
O que me resta não é mais que mero boato
E em silêncio apenas observa

Não, nada mais resta, não mais!
Não mais?

Ouça atentamente minha displicência
A escuridão que me abomina
Onde estará tamanha indiferença?
Depois que a vida a elimina

Não mais

sábado, 19 de janeiro de 2013

Sammael


Na madrugada ele me chamava
Seus olhos em minha mente
Enquanto o acaso me tentava
Sempre cedia por mais que eu tente

Seu semblante em minha cara
-Fraco, fraco, fraco! Ele gritara
Seu nome cada vez mais alto
Despertando-me como um arauto

-Corre, pois se corres irei te pegar.
Não há refúgios para um tolo errante
Mesmo que tente a terra mais distante
-No final meu nome irás gritar!

Era madrugada sanguinolenta
E eu via mil almas sonolentas
Dentre elas, jazia a minha
Desesperançosa e violenta

E meus gritos ecoavam infundados
Louco, gritando até ficar sem voz
-Por que deixar seus sonhos afundados?
Em seus olhos via um olhar atroz

-Chame, clame por meu nome!
-És meu e também és teu
-Somos uno como a morte e a fome
-Toma o nome, pois ele é seu.

Preso na garganta o coração disparado
O nome n’alma há muito entalhado
Veneno, no lábio doce como o mel
-Sammael

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Um sonho diferente


Hoje quero compartilhar um evento no mínimo inusitado que me aconteceu noite passada.
Era madrugada e eu tive um sonho estranho, olhei pela janela do meu quarto e vi nuvens diferentes, saiam luzes roxas delas, era até bonito de se ver. Depois eu despertei, tinha alguém em minha casa, me levantei da cama, mas meu corpo não me obedecia totalmente, quando tentava andar minhas pernas falhavam, eu caía, mas era como se estivesse sem gravidade, demorava a chegar até o chão e não me machucava.
Tinha certeza que havia alguém em minha casa, fui atrás da porta do meu quarto e peguei meu taco de baseball, como não conseguia andar direito fui me apoiando nele. O primeiro lugar que fui foi no quarto ao lado do meu, tentei acender a luz, mas ela havia queimado, depois fui até a cozinha, quem quer que estivesse na minha casa estava lá. Chegando lá me lembro que mexi no filtro e depois percebi uma luz forte e vermelha, foi me deixando ainda mais fraco, tentei lutar, tentei gritar mas foi tudo em vão, voltei para a cama, pelo menos eu acho que o fiz. Algumas horas depois, ainda de madrugada eu despertei novamente, meu corpo agora me respondia, fui até a cozinha e vi o filtro fora do lugar, fui ao quarto e luz não acendia, depois fui no banheiro e pela janela de lá eu vi no prédio em frente um vulto, era grande e tinha forma parecida com uma pessoa, mas não conseguia identificar o que era, deixei para ver se era algum objeto quando amanhecesse.
Pela manhã sentia uma dor muscular no braço, mas não sei muita atenção, fui até o banheiro e não tinha absolutamente nada no lugar do vulto. Depois me lembrei do taco de baseball, quando o peguei eu percebi de onde veio a dor muscular, vi que nele tinha sujeira como se tivesse sido arrastado pela casa, e perto de onde segurava vi pequenas marcas de queimado, nesse momento eu tive certeza absoluta de que realmente o tinha pegado na noite anterior.

Isso não é um conto, realmente aconteceu noite passada. Não quero através disso fazer com que ninguém acredite ou deixe de acreditar em nada, apenas quis compartilhar isso com quem quer que esteja disposto a ler. Não tem como ser a experiência normalmente conhecida como paralisia de sono. Conheço bem os sintomas e o que um rebaixamento do nível da consciência (no caso o sono) pode causar em uma pessoa, e sim isso é provável que seja um tipo de alucinação, também pode ser um caso isolado de sonambulismo, mas nunca tive isso na vida, mas é plausível. Somente não encontrei explicação ainda para as marcas de queimado no taco.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A noite mais longa


A tempestade passou agora
Junto também foi a escuridão
Mas o medo ainda está de fora
E ainda aperta o coração

Coração que bate apertado
Com medo de outra tempestade
No novo horizonte que é formado
Mas já chove nas ruas da cidade

A chuva renova, traz esperança
Lava o sangue, alivia as dores
E o coração bate no ritmo da dança
Pulsa a vida, buscando novos sabores

A noite chegou ao fim à escuridão passou
Posso ver o primeiro raio do alvorecer
E juntando os cacos do que me sobrou
Vejo um novo dia nascer

Mosca

Diário do Dr. Fleubermann Paciente nº 003764 Curioso e peculiar o caso deste paciente em específico. Ainda me lembro bem da primeir...