terça-feira, 23 de abril de 2013

O sonho de Jeremy


Jeremy mal conseguia abrir seus olhos, e quando o fazia não conseguia identificar se estavam ou não abertos, já que o quarto estava totalmente escuro. Os zumbidos em sua cabeça eram insuportáveis, era como se seus próprios pensamentos saíssem de sua cabeça como um tiro vindo de dentro de seu cérebro. Sentia um grande desconforto nos braços e nas pernas, tentou mover-se, mas foi em vão, pois percebera que estavam atados. Aos poucos os zumbidos foram se silenciando e abrindo espaço em sua mente para se perguntar o que estaria acontecendo. Não sabia onde estava, porque ou quem o havia amarrado, seus olhos doíam, seu corpo também, sentia seus pulsos queimando a medida que tentava se livrar da corda e suas pernas estavam totalmente dormentes, sinal de que estava nesta posição há várias horas.

Com muito esforço conseguira se livrar das cordas em seus pulsos, desamarrar suas pernas foi fácil, mas Jeremy ainda não sabia onde estava e imaginava perplexo o que poderia ter acontecido e causado a amnesia, já que não se lembrava de absolutamente nada. Aos poucos seus olhos foram se acostumando com a escuridão e podia identificar algumas silhuetas e sombras, deduziu que estava em um quarto e, enquanto tateava, viu uma pequena fresta de luz, era a porta, sua saída deste lugar. Jeremy caminhava com dificuldade, já que suas pernas ainda estavam dormentes, estava descalço e já podia sentir um pouco do frio do chão, depois de algum tempo chegou até a porta, tocando na maçaneta enquanto torcia para que não estivesse trancada.

A sorte de Jeremy começara a mudar quando viu que a porta se abriu, ou pelo menos foi o que ele pensou. Ao abrir a porta deparou-se com um corredor estreito, onde mal podia enxergar as paredes. Ouvia o barulho de água escorrendo e ocasionalmente ruídos e gritos distantes. Ao andar Jeremy percebeu que havia algo no chão além da água fria que gelava seus pés, um pequeno incômodo logo se tornou uma dor atenuante, quase insuportável, como se o chão estivesse coberto de cacos de vidro e a água, numa temperatura bem próxima de zero tornava sua dor ainda mais angustiante. Jeremy tentava andar, mais a água gelada adormecera seus pés e enquanto tentava ouvia vozes... Seja lá quem o havia pegado estava voltando e rápido. Em um impulso de sobrevivência, Jeremy tentou correr, mas suas pernas estavam cansadas e doloridas, mal conseguia sair do lugar e quanto mais tentava pior ficava, tentava desesperadamente se agarrar em algo nas paredes, mas não encontrava nada além de lodo e água gelada, unhava as paredes desesperadamente até suas unhas se quebrarem e seus dedos se ferirem, seus pés não conseguiam mais se mover, havia perdido o controle enquanto ouvia seus captores cada vez mais perto. De súbito, Jeremy pisa em algo que com muita dificuldade consegue diferir dos cacos em seus pés, ele sente uma leve corrente na água, mas antes de tentar qualquer coisa cai no chão e é arrastado pelo deslize do solo. A cada segundo que passa Jeremy sente pontas de pedras dilacerando seu corpo, tenta se segurar nas paredes em vão, pois a pedra é lisa e polida impossível de se agarrar, imaginando que em breve cairia em algum lugar, Jeremy tenta se agarrar ou diminuir a velocidade da descida, até que de repente para sentindo um forte repuxo em sua mão.  Para sua sorte, encontrara um gancho, para seu azar, este estava atravessando sua mão direita. O silêncio durou apenas alguns segundos e foi substituído por um grito abafado, ao mesmo tempo em que Jeremy percebera que não havia mais chão, abaixo de seus pés existia uma queda livre para a escuridão e antes mesmo de pensar no que fazer o gancho em sua mão que estava preso em algum lugar cedeu com seu peso jogando-o para o abismo negro.

Jeremy despertou em sua cama, eram quatro horas da manhã, estava suado, ofegante, nunca em toda sua vida tivera um sonho tão intenso e real assim e seu corpo estava todo dolorido, em um estado febril. Não conseguindo fazer ou pensar em mais nada, sentou-se na cama, e ao esfregar seu rosto com as mãos para acordar, percebera que havia uma estranha ferida que atravessava sua mão direita...

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Tempo ao Tempo


O tempo que tudo sara
A dor e também a ferida
Tempo que não para
Para a realidade partida

O tempo que tudo resolve
As angústias e problemas
O tempo que dissolve
A vida e seus dilemas

Um tempo para o tempo
Que não para de envelhecer

Dê tempo ao tempo, dizem
O tempo que tudo enaltece
Dê seu tempo mesmo que lhe pisem
Enquanto você apenas envelhece...

Mosca

Diário do Dr. Fleubermann Paciente nº 003764 Curioso e peculiar o caso deste paciente em específico. Ainda me lembro bem da primeir...