sexta-feira, 26 de julho de 2019

O Paradoxo da Máquina

Em seu livro Eu, Robô, Isaac Asimov nos apresenta, de forma resumida a evolução da robótica, desde um simples mecanismo usado como brinquedo/babá, até um supercomputador extremamente complexo e até incompreensível.
Em sua última história, chamada O Conflito Evitável, somos apresentados a este computador, que acabou se tornando responsável por todo bem estar e programador dos meios de produção de toda humanidade, a Máquina.
A Máquina, em teoria nunca erra, sempre cumpre prazo, e seus cálculos são responsáveis até mesmo pela produção de alimentos de todos os seres humanos.
Logo no começo da história, somos apresentados a alguns problemas: a construção de um canal no México atrasada por 2 meses, minas de mercúrio de Almaden vêm sofrendo deficiência na produção à algumas semanas e uma fábrica hidropônica está despedindo funcionários, em Tietsin.
O conto em si, é basicamente um diálogo entre Stephen Byerley, o líder mundial eleito, e Susan Calvin, uma pesquisadora e espécie de ‘psicóloga de robôs’. Começam fazendo um questionamento sobre crises inevitáveis da humanidade que sempre terminam com o uso da violência, desde a monarquia no século XVI, passando pela revolução industrial, até a brilhantemente prevista ‘guerra ideológica’ no século XX (errando apenas o século, talvez). Passando até a chegada dos robôs positrônicos, que, segundo a Drª Calvin:

“Chegaram bem a tempo e, juntamente com eles, vieram as viagens interplanetárias. Desse modo, deixou de ser importante saber se o mundo era Adam Smith ou Karl Marx. Nas novas circunstâncias, nenhum dos dois fazia muito sentido. Ambas as teorias precisavam adaptar-se e terminaram quase no mesmo ponto.”

Com o tempo, como mostra no livro, as máquinas evoluíram e deixaram de ser uma vasta aglomeração de circuitos calculadores, sendo controlados pela Primeira Lei da Robótica (Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.) De forma que a economia mundial está de acordo com os melhores interesses do homem.

“A população da Terra sabe que não haverá desemprego, superprodução ou falta de bens. Esbanjamento e fome são palavras que só existem nos livros de História. Assim sendo a questão da propriedade dos meios de produção tornou-se obsoleta. Qualquer que seja o proprietário (se tal termo faz sentido) – um homem, um grupo, uma nação ou a humanidade inteira – os meios de produção só podem ser utilizados de acordo com as diretrizes fornecidas pelas Máquinas. Não porque os homens tenham sido forçados a isso, mas porque este era o melhor caminho a seguir e os homens souberam reconhecê-la.”

E de quem seriam os erros apontados no começo do conto então? Das próprias máquinas, elas “não estão cumprindo sua missão”, algo que não deveria existir, já que as máquinas são autocorrigidas e um erro nos circuitos violaria suas leis da natureza.
Então, temos a lógica de que a única forma de os robôs errarem, é o fato de que eles estão recebendo informações incorretas dos humanos, sendo assim, Byerley fez uma viagem ao redor do mundo para verificar os erros. São quatro chamadas Máquinas, cada uma responsável por uma das Regiões Planetárias.
Ao examinar cada um dos locais, México, Tietsin e Almaden, além das pessoas responsáveis pelos, os Vice Coordenadores. 
Byerley chegou à conclusão de que todos os atrasos e incidentes estavam, de alguma forma ligados com um grupo extremista chamado Sociedade em Prol da Humanidade, que são pessoas em sua maioria ricas e poderosas movidas pelo preconceito de que os robôs tirariam a liberdade e o emprego dos seres humanos.
Como sugestão, Byerley cogita com Susan Calvin tornar público tal evento, de forma que o grupo perca força ou seja mal visto, enquanto a Drª não aprova tal ação.
Argumentando que, seguindo as leis da robótica, a Máquina fez o que já foi calculado. Tudo já fora planejado pelo computador, desde a ascensão dos membros do grupo até a falha ou acidentes sem que haja perda humana. Os responsáveis não foram impedidos de trabalhar, mas retirados de cargos estratégicos e de poder. E como não houveram casualidades, respeitou-se a 1ª Lei da Robótica.

O Paradoxo da Máquina é deixar que os preconceituosos incompetentes se empoderem, justamente com o intuito de mostrar que não conseguem realizar o trabalha baseado em suas ideologias.
Nas palavras da Drª Calvin: “Toda a ação levada a efeito por um diretor que não segue exatamente as instruções da Máquina com a qual ele trabalha se transforma em parte dos dados que serão apresentados à Máquina no problema consecutivo. Em consequência, a Máquina sabe que o referido diretor tem uma certa tendência para desobedecer. A Máquina pode incorporar essa tendência aos dados – até mesmo quantitativamente, isto é, calculando exatamente quando e em que sentido a desobediência deve ocorrer. Suas respostas seriam suficientemente desviadas de modo que, quando o referido diretor desobedecesse, corrigiria automaticamente as respostas, levando-as à direção ótima.”

Mosca

Diário do Dr. Fleubermann Paciente nº 003764 Curioso e peculiar o caso deste paciente em específico. Ainda me lembro bem da primeir...