quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O último do ano

Tudo que ele queria era esquecer. Esquecer e ser esquecido, mas não se esquecer de todos e por todos ser esquecido, pois ele também queria lembrar e ser lembrado, porém ele não conseguia. Seus sonhos realizavam-se turvos e nada parecia deixar de ser medíocre, tanto que sob seus olhos até as mais belas cores tornavam-se insípidas e ele sempre perguntava, por quê? Fez viagens errantes por sobre a terra e quando não havia mais lugares para viajar, invadiu o confuso e enigmático mundo dos sonhos e lá tanto tempo ficou que por fim falava a linguagem dos sonhos e aos poucos as pessoas iam distanciando-se por não entenderem as metáforas. Por fim ficou só, fora esquecido, mas não esqueceu, então decidiu fazer-se para esquecer foi aí que percebeu que nada podia fazer. A tragédia escorria em suas mãos, passava por entre seus dedos e caía como o sangue que saí de uma ferida e toca ao chão anunciando a iminência de uma tragédia, nada pode ser feito. Então, ao perceber que tudo que ele tocava morria, resolveu tocar seu próprio rosto.


Anderson Marques Mileib

sábado, 26 de dezembro de 2009

Eu que não amo

Eu não amo você.
Sem você não sei viver
Mas é claro, nem vou dizer.
Afinal eu tenho meu orgulho
E não vou torná-lo um entulho.
Mas pra quê dizer?
Fico aqui no meu canto,
Te amando loucamente
Em meu silêncio ardente.
Mas eu sei que você sabe...
Que eu te amo e não vou dizer.

Anderson Marques Mileib

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Asas

Bradam as asas do desejo.
Intenso, extensivo, lascivo.
Na ternura de seu beijo
Em seu lábio decisivo.

Escárnios afugentados
Pelos olhos libidinais.
Cobertos à dourados
Das virgens e das vestais.

Tal beleza, ludibriante.
Palavras tornadas vazias
De todas as almas vadias

Não exprimem significado
Nem o significante, errante
Torna-se um amor de estante.

Anderson Marques Mileib

domingo, 13 de dezembro de 2009

Milady

Milady...
O que houve com seus olhos?
Neles sempre via o horizonte refletido
Agora não vejo mais cores
Tudo lentamente está sumindo
Nosso horizonte parece estar se partindo

Caminhávamos pelo esplendor d’alvorada
Compartilhávamos idéias e sonhos
Era como se fossemos um

Milady, por que não pega mais em minha mão?
Às vezes me sinto como se não existisse
Por que não toca mais meu coração?
Sinto falta de sua atenção...

Oh, milady, a neve parece estar mais fria
Nela as dores se acentuam
Você não pode ver? Que cada segundo é um dia
Se não posso estar com você?

Milady, você pode me ouvir cantando?
Você pode me ouvir gritando?
Não me deixe sozinho aqui
Neste quarto escuro chorando

Milady, nosso para sempre nunca deveria chegar
E mesmo se com as lágrimas acabar...
Jamais deixarei de te amar.


Anderson Marques Mileib

alguém ainda lê meu blog? rs

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Eu sou um poço
De desejos e sutilezas
Sonhos exacerbados e grandezas
Eu sou a arte
A demasiada frustração
A arte que nega toda criação
Sou o filho do desejo
Uma sutil perdição
Sou o algoz da sorte
A cria da paixão



Anderson Marques Mileib

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Insípida

Vejo-me cansado desta realidade insípida
Mascarada por blasfêmias e mentiras...
Quero ver na realidade a verdade despida
Cansei-me de tal mediocridade tardia.

Este sol já não esquenta mais o meu corpo,
O vento frio sopra-me a face todos os dias,
Respiro ar impregnado de um mundo morto
E as pessoas parecem cada vez mais vazias.

Agora entendo que tudo mais está partido.
As pessoas, as ruas até os sentimentos no chão
E tudo que existe dentro de mim está ferido.
Tudo está estático agora, exceto meu coração.


Anderson Marques Mileib

Mosca

Diário do Dr. Fleubermann Paciente nº 003764 Curioso e peculiar o caso deste paciente em específico. Ainda me lembro bem da primeir...