quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Displicente


Era noite e ela me chamava
Tenra voz sussurrando no ouvido
E em seus lábios suplicava
Atacado com o olhar interrompido

Não mais

Meus sentimentos profanados
Minhas verdades foram perdias
E mesmo o ódio está n’outro lado
Sem mais desculpas vadias

O anjo sem asas caiu ao chão
Rezando, suplicando, ainda amando
Debaixo de seus pés jaz a paixão
Jaz meu leito no mar derramado

E os sentimentos agora se foram
Se foram?
Dilacerados nas lâminas gélidas
Suas párias palavras trépidas

E o que há de fazer enquanto me mato?
O amor prevalecerá na relva
O que me resta não é mais que mero boato
E em silêncio apenas observa

Não, nada mais resta, não mais!
Não mais?

Ouça atentamente minha displicência
A escuridão que me abomina
Onde estará tamanha indiferença?
Depois que a vida a elimina

Não mais

Um comentário:

Mosca

Diário do Dr. Fleubermann Paciente nº 003764 Curioso e peculiar o caso deste paciente em específico. Ainda me lembro bem da primeir...