Era noite e ela me chamava
Tenra voz sussurrando no ouvido
E em seus lábios suplicava
Atacado com o olhar interrompido
Não mais
Meus sentimentos profanados
Minhas verdades foram perdias
E mesmo o ódio está n’outro lado
Sem mais desculpas vadias
O anjo sem asas caiu ao chão
Rezando, suplicando, ainda amando
Debaixo de seus pés jaz a paixão
Jaz meu leito no mar derramado
E os sentimentos agora se foram
Se foram?
Dilacerados nas lâminas gélidas
Suas párias palavras trépidas
E o que há de fazer enquanto me mato?
O amor prevalecerá na relva
O que me resta não é mais que mero boato
E em silêncio apenas observa
Não, nada mais resta, não mais!
Não mais?
Ouça atentamente minha displicência
A escuridão que me abomina
Onde estará tamanha indiferença?
Depois que a vida a elimina
Não mais