Sofia era uma garota simples, de
gostos simples. Morava no 1º andar de um pequeno prédio de 2 andares. Estudava
o dia todo, e passava a noite em casa. Quando era mais nova sempre gostava de passar
as tardes ensolaradas na casa da “tia” Joana, a senhora que morava no
apartamento de cima, o tempo foi passando e ela deixou de ir lá, mas não deixou
de ter apreço pela simpática senhora.
Apesar de gostar muito, a velha
era um pouco assustadora, principalmente a noite, fazia muitos barulhos de
passos no quarto de cima do de Sofia, e também o barulho daquela cama de molas
que deveria ser mais velha que a senhora, seu barulho causava arrepios na
pequena garota, mas ela sempre se lembrava da simpática velhinha que estava lá
e tudo passava.
Durante alguns dias do último mês
Sofia notara que a casa de Joana estava mais silenciosa, mas nada muito
relevante para ninguém. Os dias foram passando e as pessoas foram esquecendo...
Em frente ao apartamento de Sofia existe uma fábrica, dela sai um cheiro muito
ruim quase todos os dias, mas recentemente esse cheiro tem ficado cada vez pior,
até que um dia alguém foi examinar.
Determinaram que o cheiro não
viera da fábrica e sim do prédio, do apartamento de Joana, a coitada já estava
morta havia mais de 20 dias e ninguém notara. Médicos disseram que ela
simplesmente morreu dormindo, não sofreu dor alguma, sequer deve ter descoberto
ainda que já morreu, eles brincavam.
Sofia foi ao funeral de sua velha amiga, lembrou-se das tardes, dos
biscoitos, das anedotas e lições de vida, chorou muito, foi um dia triste.
A noite, Sofia já exausta, foi
dormir e logo que deitou apagou, acordara no meio da noite ouvindo barulhos
estranhos. Ouvia passos e se lembrara da senhora que viveu lá por muito tempo,
que não tinha filhos ou parentes, “morreu dormindo, talvez nem saiba que esteja
morta”. A velha cama de molas fez o conhecido barulho que lhe causava arrepios,
e Sofia se lembrou de sua velha amiga que agora estava enterrada.