sexta-feira, 6 de março de 2020

Mosca

Diário do Dr. Fleubermann
Paciente nº 003764
Curioso e peculiar o caso deste paciente em específico. Ainda me lembro bem da primeira vez que o atendi, fato este que ocorrera em uma clínica. Um rapaz por volta de 28 anos, ainda no auge de sua força fora marcar uma consulta, pois segundo o próprio relato, havia uma mosca em seu ouvido, fato este que fora prontamente negado com um simples exame clínico.

Meu palpite que logo passara a se tornar o suposto diagnóstico fora de que o jovem adulto, de alguma forma sofrera algum tipo de dano em seu canal auditivo resultando assim no que é popularmente chamado de zumbido, e acarretando tal sintoma o paciente de alguma forma passara a pensar que tal zumbido fosse de algum inseto, uma mosca, ele disse precisamente.
Na primeira consulta, apesar de ter chegado consternado, o paciente sentiu-se aliviado com meu diagnóstico e adquiriu uma breve tranquilidade. Breve é claro, pois se ele não retornasse o caso não estaria sendo precisado neste diário.
Cerca de uma semana depois o paciente retornou ao consultório novamente com o mesmo discurso de que havia sim uma mosca em seu ouvido. Questionado sobre como pode ter tanta certeza, o homem me dissera que realmente vira a mosca entrar em seu ouvido, sabera até mesmo precisar detalhes dela: era uma mosca varejeira, com um brilho fosco verde, grande, maior que o comum para tal inseto e faltava-lhe uma pata e era uma mosca fêmea.
Extremamente intrigado, perguntei ao homem como ele possivelmente conhecia tantos detalhes da criatura, incluindo seu sexo. O homem disse que apenas sabia, que a vira quando entrou em seu ouvido direito durante uma noite indescritivelmente mais escura que o normal e mesmo depois de semanas o animal ainda estaria lá, alojado em sua cabeça com zumbidos que se mostravam intermitentes.
Depois de tal testemunho, resolvi fazer outro exame no paciente, que se mostrou anormalmente incomodado mesmo com um leve toque, levando-me a conclusão que uma lesão que causara a sensibilidade, sendo assim era esperado que houvesse perda de audição e, consequentemente os zumbidos intermitentes. Expliquei para o paciente sobre sua condição e que com o tempo existiria a probabilidade da perda de audição total, mas que de fato não havia nada dentro do canal auditivo, afinal, mesmo que tudo isso fosse ocasionado por um inseto, em pouco mais de uma semana ele estaria morto.

Mesmo assim de certa forma eu sabia que o veria novamente, e alguns dias depois me vejo fazendo outro exame no paciente contatando desta vez uma perda total da audição. Questionado sobre o que houve, o paciente me informou que um dia sentira as patas da mosca dentro de sua cabeçacaminhando para fora de seu canal auditivo. Ora, como reflexo o jovem sacudiu a cabeça, o que fez com que o inseto voltasse para seu “habitat”, mas isto deixara a criatura enfurecida e inquieta, o que por consequência irritou o paciente, resultando em inúmeras tentativas de remoção da criatura.

É óbvio que isto não terminou bem, com suas infrutíferas tentativas acabara ferindo o ouvido o provocando coceiras ocasionais, as quais o paciente dizia que eram devido ao movimento da criatura. Ficando cada vez mais irritado e inquieto, sempre que “sentia” a mosca em seu ouvido, ele tentava arrancá-la de lá. Primeiro tentara com os dedos, mas a mosca ia mais fundo e fugia, o que o fez tentar algo mais fino que penetrasse melhor no local, uma haste flexível, uma tampa de caneta, até mesmo um lápis muito bem apontado. Relatou que por diversas vezes tocava a criatura, que se irritava e provocava zumbidos ensurdecedores, até que teve a idéia de espetar e ferir a criatura com uma agulha e assim tirá-la de dentro de si, e assim o fez sem sequer se preocupar com a automutilação.

Como resultado é ficara óbvio que o paciente provocou danos irreversíveis em seu tímpano acarretando na perda total da audição de seu ouvido esquerdo. O mais intrigante do caso é que a queixa inicial fora no ouvido direito, mesmo assim o paciente me explicou que sentira e vira a mosca saindo pelo seu ouvido esquerdo. Fato este que me deixou ainda mais intrigado, já que constatei em exames anteriores uma leve perda de audição no ouvido direito, mas que agora encontrava-se em perfeitas condições.
Em decorrência de tais fatos, eu o convidei para realizar exames mais detalhados ao mesmo tempo em que ficaria em observação e cuidados constantes, aqui na Casa São Camilo de Lelis. Algo que o paciente aceitou de bom grado.
Depois de alguns dias em observação constante, nada fora noticiado de diferente. O paciente encontrava-se em um quarto comunal, mas a grande surpresa veio dos outros pacientes que ocasionalmente se queixavam não conseguir dormir devido aos zumbidos de moscas que se proliferavam ali, e às emanados pelo jovem, mesmo quando nenhum dos enfermeiros, médicos ou auxiliares constataram nada de anormal em seus exames ou no quarto.

Em um determinado dia, houve um grande estresse no quarto quando um paciente avistara uma mosca varejeira e logo a espantara de lá, segundos depois o jovem da clínica, que até então estava quase que apático na instituição, fora tomado de uma agitação repentina e duradoura, seguida de acessos de raiva, gritos, até chegar a perder totalmente o controle, batendo repetidamente sua cabeça na parede dizendo não agüentar mais, que deveríamos “tirá-las de lá”, chegando a agredir qualquer um que tentasse se aproximar. Foram necessários diversos enfermeiros para contere sedá-lo, até que, finalmente, depois de três dias sendo medicado sem parar, conseguira dormir.
Nesse meio tempo houve uma reunião com o conselho de médicos internos da Casa, onde decidimos que a melhor opção para o jovem seria levá-lo para tratamento no subsolo nº3 da instituição, um local onde havia menos pacientes e era constantemente monitorado por câmeras. O subsolo era onde ficavam os pacientes mais perigosos por assim dizer, que apresentavam risco a própria vida e a de outrem, sendo necessário um estado de vigia permanente até sua melhora.
Passaram-se vários dias e o paciente continuara a ser um mistério. Medicado, hora estava sedado, mas rapidamente os medicamentos perdiam efeito e logo era necessário usar doses maiores e medicamentos mais fortes. O paciente não apresentava nenhum tipo de melhora e chegou a um ponto de que nem mesmo nosso sedativo mais forte causara o efeito desejado, chegamos a dar a ele uma dose que deixaria uma pessoa em coma e mesmo assim não houve resultado. Teve-se a conclusão de que o paciente precisava ser lobotomizado.

Embora seja uma prática retrógrada que beira a barbárie, não havia absolutamente mais nada que pudesse ser feito. Não era apenas um paciente, era um ser humano em um conflito eterno, em agonia e sofrimento que acabaria tirando a própria vida se nada fosse feito. Assim pelo menos ele teria um pouco de dignidade e qualidade de vida. A prática fora aprovada por unanimidade pelo conselho interno ena data o paciente passara pela operação sem nenhum transtorno ou resistência.

Seu pós-operatório fora aparentemente normal no quesito cognitivo, mas sua recuperação física ocorreu em uma velocidade fora do comum. Porém mesmo curado e sem aparentes sequelas físicas, havia algo estranho neste paciente, é como se através dele permeasse uma estranha aura de raiva e sofrimento, algo indescritível que causava algum tipo de sufocamento apenas por permanecer perto.
Com o tempo sua condição social-cognitiva se debilitou bastante, chegando a um ponto em que o paciente simplesmente deixara de se importar com a higiene própria quanto da sala onde se encontrava.Foi apenas uma questão de tempo para que o quarto fosse tomando pela imundice.Nem mesmo a equipe de limpeza,dedicando-se a ponto de chegar a realizar a higienização do local por até 3 vezes no mesmo dia, conseguira manter o local em condições aceitáveis. O cheiro fétido, podridão, as moscas e larvas instalavam-se cada vez mais na sala. Seria possível, mesmo que por tantas vezes realizarem de forma displicente o protocolo de limpeza laboratorial?

Nenhum procedimento se mostrara eficaz para livrar o local das pragas e em pouco tempo o cheiro impregnara todo o andar. Ninguém conseguia adentrar no recinto sem usar uma máscara, e durante algum tempo várias equipes especializadas em dedetização fizeram infrutíferos esforços para descontaminar o local. Mesmo assim o compromisso para com a vida me foi maior e eu mesmo me encarreguei de examinar o paciente e providenciar uma higienização adequada, já era mais que evidente que existia ali algo que não deveria existir, embora ninguém saiba dizer exatamente o que era.
Enquanto caminhava pelos correres nauseantes do subsolo nº 3, lembrei-me do primeiro contato que tive com o jovem. Como algo que a princípio pensei se tratar apensar de uma infecção ou uma leve debilidade tenha chegado a tal ponto? Óbvio eu não fora a primeira vez que me deparei com um caso peculiar já que tenho tantos anos na prática de minha profissão, como relatado em outras datas deste diário, mesmo assim não é algo que espero encontrar toda vez que alguém entra em meu consultório. Lógico, a medida em que adentrava mais no recinto eu me sentia cada vez imerso dentro de um ninho de insetos, ali eu caminhava para o coração de um enxame.

E quanto mais me aproximava da sala do paciente, mais eu me sentia estranho, era como se sentisse milhares de asas e patas tocando minha pele, entrando em meus ouvidos e ecoando em meu cérebro. Por alguns instantes cheguei a ficar totalmente absorto e perdido e, se não fosse minha grande determinação teria ficado ali prostrado, deixando de lado meu objetivo naquele local.
Logo em frente o quarto número 6, onde estava o paciente, eu precisei parar para tomar fôlego. O ambiente era pesado, o ar denso e fétido, mesmo com máscara era difícil respirar ali. Ao abrir a porta deparei-me com uma grotesca e disforme aglomeração de insetos, larvas e criaturas rastejantes.Enquanto caminhava notei o chão pegajoso com uma gosma negra e cheia de pequenos insetos e patas, parecia que caminhava em cima de algo essencialmente vivo e que sabia de minha presença.

Deitado no leito, o paciente sentou-se ao me ver entrando na sala. Sua aparência era desgrenhada, as roupas sujas chegavam a parecer podres e a barba havia crescido bastante, mas mesmo assim eu pude perceber que a boca se movia em uma tentativa de me dizer algo.

Ao me aproximar, sua tentativa de comunicação aumentara, via pequenos espasmos em seu corpo e sua boca começava a espumar, tão pouco ele se esforçava para dizer algo, mas tudo que saia de sua boca era uma especa baba. A cada passo parecia que o exame se tornava mais hostil comigo, o zumbido das criaturas por vezes era ensurdecedor e então, ao chegar no pé da cama eu vi que em sua baba e na espuma da boca havia pequenas criaturas, insetos e larvas. Como era possível que tal coisa acontecesse? Pouco tempo depois percebi que elas estavam não apenas saindo de sua boca, mas todo o seu corpo estava repleto destas criaturas, era como se ele estivesse sendo devorado de dentro para fora.

O cheiro fétido de podridão era forte, tive que me concentrar para não vomitar, por alguns instantes eu precisei me recuperar e de alguma forma tomar fôlego ali, e logo depois pude encará-lo olhando nos olhos. Foi então que eu reparei em seu ouvido, uma mosca varejeira verde bem maior que uma comum, era como se ela estivesse me olhando de dentro dele, tão nitidamente e sem saber como, pude perceber que lhe faltava uma pata e era uma mosca fêmea. Só voltei a mim quando a mosca entrara novamente no ouvido do paciente, que então se virou de frente para mim e novamente, olhei em seus olhos e lá estava ela. A mosca estava em seu olho, não na cavidade ou caminhando entre membranas, mas essencialmente dentro de seu globo ocular, como se fosse um espaço vazio e intangível enquanto o jovem apenas me olhava e sorria com larvas entre os dentes.

Incrédulo com a situação, a única possível reação fora me levantar e sair daquele local, então o sorriso do jovem se fechou e ele segurou meu braço com uma força que não condizia com seu estado atual fazendo-me contorcer e cair de joelhos. Em meio ao chão pegajoso, insetos, moscas e larvas. Senti as criaturas se arrastando em mim como se fossem um único ser numa massa disforme, me arrastei pelo chão gritando enquanto via o paciente se levantar caminhando lentamente em minha direção.
Eu gritei por ajuda, sabia que havia uma equipe do lado de fora e que rapidamente viria a meu auxílio. Ao perceber, o homem quase letárgico se contorceu e de uma forma violenta e desajeitada correu para minha direção. Ele me segurou e me no canto da sala como se não fizesse nenhum esforço. O enxame agora estava enfurecido, o zumbido era ensurdecedor e tudo mais acontecera tão rápido que tenho apenas vagas lembranças dos fatos.

Eu me arrastei até a porta, batia e gritava, mas qualquer som era ofuscado pelo zumbido do enxame. Vagamente me lembro de uma massa disforme, hora homem, hora insetos investindo contra mim, sentia criaturas se arrastando em meu corpo, tentando chegar até minha cabeça para entrar em meu cérebro. E quando me senti a poucos instantes de ser devorado por essa massa disforme de insetos vivos, a porta se abriu.

Tão rapidamente os enfermeiros me tiraram da sala e me ajudaram a fechar e trancar a porta enquanto víamos pelo vidro reforçado o paciente bater a cabeça na porta enquanto gritava em meio aos zumbidos e cada vez que ele acertava o exame se inquietava como se estivessem dentro dele. Corremos desesperados pelos corredores trancando cada porta pela qual passávamos enquanto víamos uma aglomeração de insetos cada vez maior na porta da sala número 6. Por fim chegamos a entrada do subsolo e trancamos tudo.
Em poucos instantes, incontáveis pessoas estavam de frente as câmeras de vigilância vendo a estranha movimentação da massa disforme. Depois de algumas horas se debatendo, o paciente deitara na cama acompanhado pelo enxame cada vez maior que por fim se aquietou. Assim permaneceu pelos próximos cinco dias até a câmera da sala fosse totalmente tomada por larvas e um líquido negro viscoso. As portas foram seladas devido ao acumulo de insetos e uma possível infestação. Desde então ninguém ousou entrar no subsolo número 3 da instituição.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

O Paradoxo da Máquina

Em seu livro Eu, Robô, Isaac Asimov nos apresenta, de forma resumida a evolução da robótica, desde um simples mecanismo usado como brinquedo/babá, até um supercomputador extremamente complexo e até incompreensível.
Em sua última história, chamada O Conflito Evitável, somos apresentados a este computador, que acabou se tornando responsável por todo bem estar e programador dos meios de produção de toda humanidade, a Máquina.
A Máquina, em teoria nunca erra, sempre cumpre prazo, e seus cálculos são responsáveis até mesmo pela produção de alimentos de todos os seres humanos.
Logo no começo da história, somos apresentados a alguns problemas: a construção de um canal no México atrasada por 2 meses, minas de mercúrio de Almaden vêm sofrendo deficiência na produção à algumas semanas e uma fábrica hidropônica está despedindo funcionários, em Tietsin.
O conto em si, é basicamente um diálogo entre Stephen Byerley, o líder mundial eleito, e Susan Calvin, uma pesquisadora e espécie de ‘psicóloga de robôs’. Começam fazendo um questionamento sobre crises inevitáveis da humanidade que sempre terminam com o uso da violência, desde a monarquia no século XVI, passando pela revolução industrial, até a brilhantemente prevista ‘guerra ideológica’ no século XX (errando apenas o século, talvez). Passando até a chegada dos robôs positrônicos, que, segundo a Drª Calvin:

“Chegaram bem a tempo e, juntamente com eles, vieram as viagens interplanetárias. Desse modo, deixou de ser importante saber se o mundo era Adam Smith ou Karl Marx. Nas novas circunstâncias, nenhum dos dois fazia muito sentido. Ambas as teorias precisavam adaptar-se e terminaram quase no mesmo ponto.”

Com o tempo, como mostra no livro, as máquinas evoluíram e deixaram de ser uma vasta aglomeração de circuitos calculadores, sendo controlados pela Primeira Lei da Robótica (Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.) De forma que a economia mundial está de acordo com os melhores interesses do homem.

“A população da Terra sabe que não haverá desemprego, superprodução ou falta de bens. Esbanjamento e fome são palavras que só existem nos livros de História. Assim sendo a questão da propriedade dos meios de produção tornou-se obsoleta. Qualquer que seja o proprietário (se tal termo faz sentido) – um homem, um grupo, uma nação ou a humanidade inteira – os meios de produção só podem ser utilizados de acordo com as diretrizes fornecidas pelas Máquinas. Não porque os homens tenham sido forçados a isso, mas porque este era o melhor caminho a seguir e os homens souberam reconhecê-la.”

E de quem seriam os erros apontados no começo do conto então? Das próprias máquinas, elas “não estão cumprindo sua missão”, algo que não deveria existir, já que as máquinas são autocorrigidas e um erro nos circuitos violaria suas leis da natureza.
Então, temos a lógica de que a única forma de os robôs errarem, é o fato de que eles estão recebendo informações incorretas dos humanos, sendo assim, Byerley fez uma viagem ao redor do mundo para verificar os erros. São quatro chamadas Máquinas, cada uma responsável por uma das Regiões Planetárias.
Ao examinar cada um dos locais, México, Tietsin e Almaden, além das pessoas responsáveis pelos, os Vice Coordenadores. 
Byerley chegou à conclusão de que todos os atrasos e incidentes estavam, de alguma forma ligados com um grupo extremista chamado Sociedade em Prol da Humanidade, que são pessoas em sua maioria ricas e poderosas movidas pelo preconceito de que os robôs tirariam a liberdade e o emprego dos seres humanos.
Como sugestão, Byerley cogita com Susan Calvin tornar público tal evento, de forma que o grupo perca força ou seja mal visto, enquanto a Drª não aprova tal ação.
Argumentando que, seguindo as leis da robótica, a Máquina fez o que já foi calculado. Tudo já fora planejado pelo computador, desde a ascensão dos membros do grupo até a falha ou acidentes sem que haja perda humana. Os responsáveis não foram impedidos de trabalhar, mas retirados de cargos estratégicos e de poder. E como não houveram casualidades, respeitou-se a 1ª Lei da Robótica.

O Paradoxo da Máquina é deixar que os preconceituosos incompetentes se empoderem, justamente com o intuito de mostrar que não conseguem realizar o trabalha baseado em suas ideologias.
Nas palavras da Drª Calvin: “Toda a ação levada a efeito por um diretor que não segue exatamente as instruções da Máquina com a qual ele trabalha se transforma em parte dos dados que serão apresentados à Máquina no problema consecutivo. Em consequência, a Máquina sabe que o referido diretor tem uma certa tendência para desobedecer. A Máquina pode incorporar essa tendência aos dados – até mesmo quantitativamente, isto é, calculando exatamente quando e em que sentido a desobediência deve ocorrer. Suas respostas seriam suficientemente desviadas de modo que, quando o referido diretor desobedecesse, corrigiria automaticamente as respostas, levando-as à direção ótima.”

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Liberdade


Ai! Ai de mim!
Poder dizer assim,
Palavras ou sussurros
Deste querer aos urros!

Ai de mim, se na liberdade
Pudesse dizer-lhe de verdade.
Negros olhos proibidos,
Ansiedade dos desapercebidos.

Mas quem mo dera...

Desejar todo esse desejo
E ter apenas um ensejo.
Na sua languida palidez
Perderia minha sensatez.

Seria somente trovejo,
Curto e vermelho.
Mais que apenas anseio,
Seria somente seu beijo.

domingo, 28 de outubro de 2018

Nunca

Nunca diga a mim
Que não sabia da situação.
Que essa sua bandeira
-que também é a minha-
Virou-se uma poleira,
As armas, multidão!

Nunca diga que não avisaram.
Quando eles vieram
Silenciar o canto do galo.
Nas manhãs que entrevistaram
E sabe que eles virão.

Nunca solte de quem lhe afaga
A mão e também o coração.
Não se esqueça, não deixe
Pois o tempo a tudo apaga
Mas não há de se apagar
Nos olhos da multidão

Mosca

Diário do Dr. Fleubermann Paciente nº 003764 Curioso e peculiar o caso deste paciente em específico. Ainda me lembro bem da primeir...